A NASCENTE é um local na superfície do terreno onde o nível freático do aquífero aflora naturalmente, por uma quebra de relevo ou por uma desconformidade litológica em sua zona saturada, que pode criar um fluxo visível como o curso d’água. A água brota continuamente durante o ano, sustentando os rios e é no período de estiagem, no inverno, que melhor se observa tal processo. 

Nas áreas urbanizadas, onde a paisagem passa por dinâmicas e intensas modificações, as nascentes podem ser degradadas e até mesmo suprimidas, pelas variadas pressões a que são submetidas, relacionadas à ocupação do solo. Dentre estas devem ser destacadas: a impermeabilização dos solos, que diminui a infiltração de água e recarga do aquífero e, consequentemente, a redução da vazão de nascentes ou mesmo seu desaparecimento; a intervenção por meio de adensamento de construção, fazendo com que nascentes sejam soterradas ou que migrem para outros locais; lançamento de resíduos e entulhos, vazamentos de redes de esgoto, que comprometem a qualidade das águas, entre outras. 

Preocupados e atentos com as transformações da paisagem urbana na Microbacia do Córrego do Sapateiro, a Associação dos Moradores da Vila Mariana (AVM) atua na preservação e recuperação das nascentes ‘urbanizadas’ e córregos. 

Uma ação recente merece destaque: a obra de revitalização da nascente do Córrego do Sapateiro, resultado de uma parceria entre a Associação de Moradores da Vila Mariana, a Subprefeitura de Vila Mariana, o Conselho Participativo local, e equipe do Projeto Rios e Ruas. 

No dia 03 de setembro, data em que o bairro da Vila Mariana comemorou 126 anos, também estiveram presentes representantes de ONG’s, dos Institutos Biológico e de Pesca, da Secretaria de Abastecimento e Agricultura e representantes do IPA, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, e do IPT, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico. 

A nascente fica num espaço público, localizada em um beco na Rua Luftalla Salim Achoa (Travessa da Rua Capitão Cavalcanti), e flui para o Córrego do Sapateiro, um dos principais cursos d’água da região, que corre parcialmente sob o asfalto, mas ainda tem a importância vital de abastecer o Lago do Ibirapuera, no principal e mais conhecido parque da cidade. 

O local da nascente ganhou paisagismo, portões, recuperação do piso de paralelepípedo e ganhou pintura nas paredes que o cercam. Outro destaque é para um painel feito por artistas parceiros da Associação de Moradores da Vila Mariana. 

Pelo trajeto, foram instalados paralelepípedos intertravados. Os blocos de cimento têm pequenas saliências, impedindo que eles se encostem e bloqueiem a passagem da água para o solo. O vão entre os tijolos é completado com areia, garantindo proteção ao mesmo tempo em que mantém a permeabilidade.

Imagem pela Rua Luftalla

Dreno de escoamento das águas da nascente

Imagem pelo outro lado do beco