Com participação especial do Chef do restaurante Mocotó, Rodrigo Oliveira, evento discutiu a importância do consumo das frutas nativas da Mata Atlântica, em especial a palmeira juçara

A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), por meio do Departamento de Gestão do Conhecimento e do Departamento de Tecnologia e Inovação do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA-SP) e a Associação dos Bolsistas JICA São Paulo – ABJICA, promoveram nesta quarta-feira, 20, o Seminário “Frutos da Mata Atlântica: o sabor da biodiversidade” com objetivo de estimular o plantio e difundir o consumo de frutíferas nativas da Mata Atlântica.

Nesta edição comemorativa de dez anos do evento, a composição da mesa de abertura contou com as seguintes autoridades: Nanci Venâncio – Presidente da Abjica, Danilo Angelucci Amorim – Diretor da Fundação Florestal, Atsunori Kadoya – Representante Sênior da JICA do Brasil e Dr. Marcelo Sodré – Coordenador do Instituto de Pesquisas Ambientais.

Marcelo Sodré, coordenador do IPA-SP, explanou sobre a do instituto para o desenvolvimento da pesquisa e das políticas públicas no âmbito da SIMA. E na sequência citou palavras de Hanna Arendt, notável pensadora do século XX, que reflete como a atividade humana pode ser simbolizada como uma mesa, onde cada indivíduo tem o seu espaço, mas ao mesmo tempo é um espaço da convivência, que simboliza a sociedade.

O destaque do evento foi para a preservação e benefícios da palmeira-juçara. A juçara é uma planta nativa da Mata Atlântica brasileira. Seu fruto tem alto valor nutricional e faz parte da cadeia alimentar para mais de 68 espécies da fauna silvestre. Aves como tucanos, jacutingas, jacus, sabiás e arapongas são os principais responsáveis pela dispersão das sementes, e mamíferos como cotias, antas, catetos e esquilos se beneficiam das suas sementes e frutos.

A professora Veridiana Vera de Rosso da UNIFESP Campus da Baixada Santista apresentou as potencialidades do superalimento que é o fruto da palmeira-juçara. O produtor rural Douglas Bello falou sobre a situação atual e perspectivas do mercado das frutas nativas e a experiência do Sítio do Bello localizado em Paraibuna. Afirmou que é possível reflorestar com a produção de frutas nativas, como uma importante alternativa para geração de renda. Os especialistas da Fundação Florestal Carolina Tibério e Thiago Conforti trouxeram diversas informações sobre o Programa de Conservação da palmeira-juçara.

Segundo a assessora da Fundação Florestal, Carolina Kors, em decorrência da exploração descontrolada para a retirada do palmito, a palmeira tornou-se restrita a poucas Unidades de Conservação e áreas protegidas particulares transformando-se em uma planta em perigo de extinção. Por isso, a Fundação Florestal, com o objetivo de proteger a fauna e flora nativas do estado, criou o Programa de Conservação da palmeira-juçara.

“Com essa iniciativa, espera-se fomentar a ampliação do cultivo da palmeira nas propriedades particulares localizadas no entorno das Unidades de Conservação, pois elas fornecerão sementes ao programa. Além da questão ambiental, o programa procura apoiar as comunidades tradicionais por meio do estímulo à criação de meios de produção que lhes permitam uma existência digna e a preservação de seus modos de vida”, conclui.

O evento, que atraiu um público diverso de pequenos agricultores, viveiristas, estudantes da área florestal e agronomia, além daqueles que se interessam por produtos alimentares de qualidade, alternativos e sustentáveis, contou com a participação especial do Chef do restaurante Mocotó, Rodrigo Oliveira, que na ocasião compartilhou um pouco sobre as vivencias e aprendizados no restaurante, a importância da cadeia de alimentos e consumo de produtos nativos. “Um dos papeis fundamentais dos cozinheiros hoje é de formador de opinião, hoje o cozinheiro tem seu lugar de fala e é um dos agentes desse sistema alimentar.  Nossa variedade de alimentos nos traz um mundo de possibilidades dentro da cozinha, além de abrir oportunidades de levar nossa cultura para outros países”, concluiu.

Para o idealizador do evento, o pesquisador científico Guenji Yamazoe “o que vimos neste evento é o reflexo do futuro”. Após sintetizar as mensagens de cada palestrante, Guenji enfatizou que o ponto crucial para alavancar a produção e valorização dos produtos obtidos dos frutos da Mata Atlântica reside na adoção do uso de tecnologias de ponta, que promoverão o aumento do valor agregado.

O diretor do Departamento de Gestão do Conhecimento, Luiz Mauro Barbosa, parabenizou a realização e grande importância do tema abordado no Seminário e finalizou convidando o público para a 11ª edição em 2022.

Frutas nativas

As frutas nativas são fontes de nutrientes, porém ainda não muito conhecidas no mercado, alguns dos exemplos são: pitanga, uvaia, cabeludinha, araçá, cereja-do-rio-grande, grumixama, guabiroba, bacupari, cambucá, graviola e polpa de frutos de juçara. Esta última foi regulamentada pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) em 2018 e vem sendo consumida sob forma de sucos, cremes, sorvetes, bolos, cervejas, etc. Essas frutas, ao adquirir valor comercial passarão a dar retorno econômico se plantadas para recuperação de áreas de preservação permanente ou em reservas legais.

Assista aqui o evento e saiba mais: https://www.youtube.com/watch?v=9V77TKyNtC4